Leonardo Manzan ressalta que centros de serviços compartilhados (CSCs) só capturam integralmente os créditos de IBS/CBS quando a alocação reflete a realidade operacional e a documentação traduz essa lógica em evidência verificável. Em linhas gerais, a não cumulatividade ampla exige demonstrar conexão entre o gasto do CSC e as receitas das unidades atendidas, com critérios de rateio estáveis, transparentes e proporcionais ao benefício recebido.
CSCs e não cumulatividade com Leonardo Manzan: por que a alocação importa?
Num arranjo compartilhado, insumos de TI, finanças, RH, jurídico e compras irrigam várias frentes de negócio. Se a regra de rateio não captura a intensidade de uso, surgem créditos superestimados em alguns braços e subaproveitados em outros. Daí a importância de chaves alinhadas ao serviço prestado, hora técnica, chamados resolvidos, usuários ativos, processos liquidados, e de revisões periódicas, sem oportunismos sazonais. Quando o CSC presta serviço a filiais com perfis operacionais distintos, vale calibrar as chaves por família de processos, evitando que uma única métrica distorça a apropriação. Em empresas com sazonalidade, ajustes de período e janelas móveis ajudam a neutralizar picos anômalos e eventos não recorrentes.
De acordo com Leonardo Manzan, contratos internos e políticas de rateio funcionam como espinha dorsal do crédito: definem escopo, responsabilidades e indicadores de desempenho. Quando a linguagem do CSC coincide com a linguagem contábil e fiscal, o contribuinte prova que o gasto é necessário e útil para gerar receita. Sem essa coerência, aumenta o risco de glosa por falta de nexo econômico.

Alocação de créditos em CSCs: critérios práticos e materialidade
Antes de escolher fórmulas sofisticadas, convém testar chaves simples e observáveis. TI corporativa pode seguir usuários ativos e consumo de recursos; financeiro, volume de pagamentos processados; RH, quadro médio e eventos trabalhistas; jurídico, horas registradas por projeto; compras, pedidos aprovados e valores contratados. O essencial é que o indicador seja mensurável, auditável e resistente a manipulações.
Sob essa ótica, Leonardo Manzan analisa que materialidade e periodicidade evitam distorções. Critérios com variações mínimas não justificam reprocessos incessantes; já inflexões relevantes pedem recalibração documentada, com efeitos prospectivos. Além disso, é prudente definir limites para itens administrativos puros, distinguindo claramente despesas de suporte geral daquelas vinculadas ao ciclo de produção, venda ou prestação de serviços.
Documentação, governança e risco de glosa em operações compartilhadas
A prova nasce do cruzamento entre três camadas: evidência do serviço (ordens, chamados, relatórios), métrica do rateio (indicador escolhido e sua apuração) e vinculação ao resultado (unidades beneficiadas e suas receitas). Checklists de dossiê, trilhas de aprovação e reconciliações por amostragem sustentam a consistência, enquanto políticas de versionamento impedem “mudanças invisíveis” de critério. Controles de versão legíveis por auditoria evitam ambiguidade.
Nesse compasso, Leonardo Manzan aponta que a governança de dados, responsáveis, prazos, dicionário de campos, auditorias internas, reduz incertezas e acelera respostas a fiscalizações. Painéis gerenciais com métricas-chave (tempo de processamento, custo por transação, variação do rateio) ajudam a detectar desvios cedo, antes que se transformem em contingências relevantes ou créditos questionáveis.
Além do organograma: como transformar CSC em vantagem tributária sustentável
Em vez de perseguir uma “chave ideal” única, a prática recomenda portfólio de indicadores aderentes a cada tipo de serviço, pactuados com as áreas atendidas e revisados em ciclos previsíveis. Isso reduz disputas internas, alinha incentivos e fortalece a narrativa econômica do crédito, sem depender de soluções milagrosas ou de parâmetros opacos difíceis de explicar.
Por fim, Leonardo Manzan frisa que a não cumulatividade ampla premia coerência, não artifícios. CSCs que descrevem com precisão o que entregam, medem com rigor como entregam e documentam de forma clara para quem entregam formam um triângulo de prova difícil de contestar. Resultado: créditos sólidos, menor litigiosidade e um modelo compartilhado que vira vantagem competitiva, eficiente, transparente e replicável.
Autor: Jonh Tithor