Lully, musa youtuber, diz que vídeo faz mais pelo feminismo que ir à marcha

Jonh Tithor By Jonh Tithor

Eleita musa da Campus Party, maior evento nerd da América Latina, a carioca Luisa Clasen estreou no YouTube em julho de 2011 falando de moda e beleza, mas logo decidiu focar em cinema.

“Quando comecei, não tinha plano de negócios e nenhuma noção de onde iria chegar. Também iniciei falando sobre temas mais femininos, e depois descobri que não queria ser essa pessoa. Me encontrei como formadora de opinião e descobri muito a respeito da comunicação online”, diz, em entrevista ao G1. No vídeo acima, Lully mostra um pouco da casa que divide com duas amigas.

Elas se posicionam em frente a uma câmera, mas vão na contramão das centenas de vlogs dedicados apenas à maquiagem e à moda. Além de ganhar fama, essas youtubers mobilizam na web discussões sobre o feminismo. Leia o especial.

Luisa tem 24 anos, mora em Curitiba e é formada em Cinema e Vídeo. Há dois anos, ela se dedica 100%, “sem empregos paralelos”, ao canal Lully de Verdade, que já ultrapassa 9 milhões de visualizações. Nele, ela fala de temas do cotidiano, além de política e história a partir de seus filmes favoritos.

Hoje, ela diz que as visualizações a um vídeo seu sobre feminismo fazem muito mais pelo movimento do que se ela fosse a uma “caminhada pró-legalização do aborto que rolou em Copacabana no ano passado”.

Atitudes online
“Acho engraçado quando falam que somos ‘feministas de internet’ porque é por aqui que o mundo tá mudando. Se houvesse necessidade de sair na rua e protestar eu o faria, mas acredito que as atitudes online têm maior alcance”, afirma.

Lully diz que o conteúdo de seu canal é para homens e mulheres, “já que sabemos que a maior parte das vlogueiras se sente mais confortável falando com mulheres, em temas como maquiagem, cabelo, moda”.

Ela tenta evitar polêmicas, mas agora se sente mais confortável para falar sobre temas como a influência negativa da igreja na política e sobre questões feministas.

Liberdade e segurança
A youtuber escolhe um dia do mês para fazer cerca de seis vídeos por vez. “Anoto qualquer ideia que surja, e quando chega o dia de gravar eu seleciono os temas e faço os roteiros. O cenário é meu próprio quarto, então só tenho que dar uma organizada, monto luz, câmera e pronto. Pra gravar demora no máximo uma hora cada um, e pra editar talvez meia hora”.

Tempo é dinheiro
O G1 pediu para todas as youtubers que participam dessa série gravarem um breve vídeo, mostrando seu local de filmagem. Lully foi a única que se recusou alegando que gravar um vídeo é o seu trabalho.

“É quase como se eu te pedisse para escrever uma matéria para citar em um vídeo meu. A gente sabe quanto custa nosso trabalho e o tempo investido em cada projeto.”

Lully diz que, com o canal, conseguiu se estabelecer financeiramente. “Quando criei o canal, estava no 3º ano de Cinema, e as perspectivas não eram muito animadoras, especialmente em Curitiba. “

Muita gente me pergunta porque eu não trabalho na área, o motivo é bem simples: vlogar me dá mais liberdade (flexibilidade de horários, viagens) e segurança (quem trabalha com cinema sabe bem como é essa inconstância de ter trabalho agora, mas mês que vem talvez não). Eu amo trabalhar no set, mas ter seu próprio público, seu próprio projeto é muito gratificante”, conta.

Microempreendedora
“Atualmente vivo só de publicidades nos vídeos e ações pagas. Eu e muitos youtubers somos empresas MEI [Microempreendedores individuais], emitimos nota fiscal para as agências conforme fechamos jobs”, explica.

Lully afirma que não pretende parar com o YouTube tão cedo. “Mesmo que ele deixe de ser minha fonte de renda por qualquer motivo, ainda assim continuaria por hobby. Quero muito viajar e conhecer outros países, seria muito bom poder fazer um intercâmbio (sempre quis, mas nunca tive a oportunidade quando era adolescente).”

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